quinta-feira, dezembro 20, 2007

NÃO À
TRANSPOSIÇÃO DO
RIO SÃO FRANCISCO.

sexta-feira, dezembro 07, 2007

Espécie de Flor

Era quarta-feira fora de época, um dia quente demais para início de primavera. O horário das três da tarde era a volta dos empresários do almoço, o curso de inglês das crianças, a consulta no dentista. E ele mal tinha acordado. Saiu do apartamento no Humaitá com o pescoço ainda quente, tomou só um copo d’água e vestiu moletom e calça jeans, não gostava de comer nada assim tão cedo. Desceu de elevador e logo se arrependeu pelo casaco no ar abafado.Mal percebeu que caminhava em direção à Cobal quando atravessou o portão. Gostava de se perder pelas ruas de Botafogo, mesmo sabendo que não fugia do eixo Voluntários, o rio que corta o bairro em tons desbotados. Ele sabia, Botafogo é cinza.Hoje é dia de feira, os feirantes anunciavam. As donas paravam, davam uma olhada, eles insistiam, a fruta tá uma delícia, fresquinha, quer experimentar. Nem sempre elas experimentam. Ele se aproximou, alguma coisa chamou sua atenção, e não era bem uma fruta.Uma alcachofra. Vegetal com formato de flor, só que uma flor bruta, parece pré-histórica, até as cores são jurássicas. Imaginou a primeira pessoa a experimentar uma alcachofra, mordendo-a inteira, até descobrir que a carne é fininha, um detalhe, está escondida, não mata a fome. E para alcançar o coração da alcachofra é uma dificuldade. O coração fica debaixo das pétalas, debaixo de uma espécie de capim grosso que irrita a língua.Segurou a alcachofra absorto. Entregou uma nota de dez reais, é só isso. Era a primeira vez que comprava uma alcachofra, ele que nunca sentiu uma empatia especial, que inclusive rejeitou em jantares, achava sem gosto, uma coisa boba. De repente ficou constrangido: algumas pessoas soltavam risinhos. Era a paixão com que ele segurava a alcachofra.Quase assim como se fosse um filho. Ou a mulher amada. Ele abraçava a alcachofra contra o peito, até dispensou o saco plástico, jogou as moedas no bolso e alisou as pétalas de cima. Era um cetro, um buquê, uma forma exótica da natureza. Tomou o caminho de volta pra casa, mal podia se segurar da inspiração repentina, e pensou onde no apartamento poderia esconder jóia tão rara.
Alice Sant´Anna

Gabarola Tupiniquim

Chegou à rua, da qual não recordava o nome, olhou para a esquina iluminada. Atravessou a rua confiante rumo ao balcão onde, debruçado em frente às mortadelas, o seu amigo de todas as noites fitava o nada. Mas como se chamava mesmo? Ah! Antes da saideira, “chefe”, depois a língua enrolava e ele demitia o “patrão”. Vendo-o chegar, o “chefe”, acostumado, servia-lhe a picada de cobra. E ele, satisfeito com a reverência, bebia num gole só. Isso é que era prestígio, pensava com orgulho de si mesmo. O “chefe” cabisbaixo caminhou até uma janela engordurada, esticou o braço e num esforço alcançou a travessa na qual repousavam duas sardinhas fritas. Foi até o rolo de papel de embrulho e destacou com destreza. Forrou o prato de vidro, colocou as sardinhas e deu o toque final com uma folha de alface estrategicamente colocada.Uma mosca solitária se despediu das sardinhas. Restava-lhe a travessa polvilhada com farinha.
Mirian Lopes

quarta-feira, dezembro 05, 2007

ESTAÇÃO DE IDÉIAS: VÔO DO VAZIO

ESTAÇÃO DE IDÉIAS: VÔO DO VAZIO

Taxista ganha "caixinha de Natal"



É chegada a hora que as empresas começam a distribuir cestas de Natal com o famoso perú, panetoni...nelas, acontecem os amigos ocultos e é a chegada do sálario mais esperado do ano. Para uns ele vai direto para o banco para cobrir as dívidas acumuladas durante o ano. Outros vão garantir um “look” novo para as festas de fim de ano.
Quem disse que taxi também não ganha a “caixinha” de final de ano? Chega dezembro e muita gente se pergunta porque os taxistas correm em bandeira 2. Ao invés de cobrar em 10 em 10 centavos, em dezembro é cobrado de 15 em 15.
Segundo o Wikipédia o décimo terceiro é conhecido como a gratificação de Natal. Foi instituída no
Brasil levando ao empregadores a pagar ao trabalhador em duas parcelas até o final do ano (veja as regras para o pagamento). O valor da gratificação corresponde a 1/12 (um doze avos) da remuneração por mês trabalhado.
Portanto não se assuste em plena segunda-feira às 9 horas da manhã quando pegar um taxi e tiver marcando o 2 no taxímetro. Taxista também tem conta para pagar.


Germano Penalva

terça-feira, dezembro 04, 2007

Ilusionismo ou mágica?

Toda criancinha uma hora descobre que Papai Noel não existe, que as nuvens não são feitas em uma fábrica de algodão doce e que mágicas são apenas truques.
De que a conquista da democracia foi importante para a America Latina nenhum "novo velho brasieiro" tem dúvida, afinal foram anos de ditadura. O certo é que sempre tem um "Mr. M" para revelar os truques do venezuelano, Hugo Chaves, que até então iludiu muitas criancinhas. Inclusive o presidente do Brasil, Lulinha. Dessa vez foi o tempo( 14 anos).
Como toda mágica existe uma preparação para que dê certo como foi planejada, Chaves também tem seus truques:

  • Plebiscitos quando é POP
  • Garantia de jornadas menores
  • Proteção aos trabalhadores informais
  • Desce do palanque para ficar no meio do povão
  • Faz cara de "povo"
  • Diz que quem divergir da Mágica é um "TRAIDOR"
  • Passa um pano preto por cima e ver o resulatdo

Dessa vez o coelho não saiu da cartola. Segundo Chaves a Mágica não deu certo porque seu truque perdeu 3 milhoes de espectadores em relação a última eleição dele quando tinham 7 milhões aplaudindo.

Devemos sempre lembrar que Chaves é amigo de Lulinha. Lulinha apoia Chavinho. Mas sabemos que não queremos Chavinho fazendo mágica aqui no Brasil nem que Lulinha venha fazer as mágicas de seu amigo aqui. Cuidado! Essa é a nossa palavra para com o nosso presidente. Ele que vir fazer mágica aqui no Brasil. Temos que desevendar a mágica de Lulinha antes que ele tire o coelhinho de olhos vermelhos da cartola.

Germano Penalva

sexta-feira, novembro 30, 2007

NOITE


Noite, o silêncio toma conta do meu quarto sob o aconchego da luz da lua. Reflexões do dia, vejo a TV, conversas superficiais através da máquina, rabisco algo, pego o violão, vou tentando exprimir os meus desejos mais íntimos, procurando a combinação que melhor irá se encaixar nesse meu quebra-cabeça de sentimentos. Acordes maiores, menores, com sétimas e nonas, ainda apenas acordes. Angústia, talvez vá explodir, ainda não consigo equacionar, mas não é um resultado de uma operação matemática, é minha vida e não descubro a fórmula, se é que há uma. Desligo a TV, esqueço o violão, e vou pra cama, viro, reviro, mudo de lado, troco os travesseiros, me descubro, o reflexo forte da luz da lua a zelar pelo meu sono, tranqüilizo. Sono profundo, sonhos, ahhh.! Como é bom este, tô feliz, relaxado até com o violão na mão, rodando por uma casa de praia, muitas pessoas, parece haver uma festa, uma banda de amigos toca, sou expectador, sem obrigações naquele dia só me me divertir. Vou para um lado e para o outro, vou chegando mais a frente do palco e de repente vejo ela, que se destaca no meio daquela gente toda, parece que encontrei a minha paz, tudo fica em câmera lenta, parte do sentimento completo. De repente me distraio e já não to perto dela, quero voltar, ouço alguém, talvez minha Mãe, é minha Mãe me acordando, hora de ir pra faculdade. Não acordo, quero continuar o sonho onde estou tão tranqüilo e longe de tudo e tão perto de mim mesmo, digo que vou mais tarde, (sem abrir o olho pra não me desligar do sonho), volto a dormir e compartilhar de todos os sentimentos e sensações que procuro acordado.

Vinícius Cohin

quinta-feira, novembro 29, 2007

Se, algum dia, te chamarem para ir à Rotisseria Sírio Libaneza, não se assuste com o programa desconhecido ou não pense que estão te colocando em uma furada. Afinal, esse é o nome do famoso “Árabe do Largo do Machado”, apelido carinhoso dado por fãs que o consideram o melhor cantinho árabe do Rio de Janeiro. O restaurante, que fica na Galeria Condor, foi fundado em 1967, por Hamed, um sírio, que deixou como herança o tempero da comida árabe.
O local é um ambiente típico: ventiladores no teto, vidros coloridos nas paredes, frutas expostas nas prateleiras, além do clássico estilo “bunda-de-fora”, que resiste ao tempo e à modernidade. Há 15 anos, o Árabe mudou de mãos. O português João da Rocha Pereira e seus sócios compraram o negócio e se instalaram na mesma galeria, em um espaço mais generoso, que ocupa duas lojas. Apesar das mudanças, eles mantiveram a receita e o tempero que, segundo funcionários e clientes, fazem a diferença.
– O sucesso é ter um tempero bom e tratar bem a freguesia. A concorrência não está com nada, declara Sebastião Ferreira de Souza, auxiliar de gerência e 30 anos de casa.
Ele faz parte da equipe de 23 funcionários que ajuda a manter a tradição do lugar. Segundo Souza, as esfihas (R$ 1,80, a unidade) são o carro-chefe da casa e são vendidas, em média, mil por dia. As de queijo e as de carne são as que têm mais saída.
Um costume pitoresco da casa merece destaque. Experimente pedir uma esfiha, e o atendente servirá duas no prato. Uma tática antiga para poupar trabalho.
– Ninguém vem aqui para comer uma só esfiha, explica Antônio Alberto Prado, atendente do Árabe há 25 anos.
O kibe (R$ 1,80, a unidade) também é muito vendido. Pratos como kafta com arroz de lentilha, kibe cru com coalhada seca, repolho e grão-de-bixo fazem muito sucesso. Qualquer prato sai por R$ 10,50 e pode ser servido em meia-porção ou embalado para viagem (R$ 11).
De acordo com os funcionários, o Árabe tem clientela cativa e o número de freqüentadores jovens aumenta cada vez mais. Uma prova de que o restaurante consegue deixar sua marca de geração em geração. A estudante de Ciências Sociais Laura Schnoor vai ao local pelo menos uma vez por semana, para comer a esfiha de verdura e beber o mate da casa (R$ 1,20). Para Laura, a esfiha de verdura é a melhor que ela conhece, pois não leva espinafre na composição. Ela morava no Cosme Velho e, agora que se mudou para perto da galeria, considera-se “de casa”. O estudante de Engenharia João Marco Oliveira fez o caminho oposto ao de Laura. Há dez anos mudou-se do Flamengo para a Barra da Tijuca, mas mesmo assim continua cliente do Árabe. Pelo menos uma vez a cada dois meses ele aparece por lá.
– Esse restaurante faz parte da vida da minha família. Antes de eu nascer, meus pais já comiam lá, diz o estudante que também usa o local como ponto de encontro de antigos amigos de infância.
– O ambiente agradável, o bom atendimento e a comida juntos são uma boa fórmula, acrescenta João.
Uma fórmula que deu certo e que continua dando.
Serviço:
Rotisseria Sírio Libaneza, Largo do Machado, 29 – Galeria Condor.
Telefones: (21) 2557- 2377/ 2205- 2047. De segunda-feira a sábado, das 8h às 23h

Carolina Vaisman

ESTAÇÃO DE IDÉIAS: Nosso espaço!

ESTAÇÃO DE IDÉIAS: Nosso espaço!

sexta-feira, outubro 19, 2007

Mais uma vez o tempo que deveria ter se esticado até que eu voltasse outra, nova, mudada e melhorada pessoa, não o fez. Manteve-se curto, inelástico, contra todas as minhas vontades de me desdobrar e me descobrir entre suas ondas. Naufraguei-me, e nadando contra a corrente, não saí do lugar. Não tive coragem de atirar-me ao mar, nem explorar ilhas desertas com desapego ao meu mundo, conhecendo o além-mar. Repeti a rotina da mesquinhez, que embora tenha sido nova, não parecia. Sem o menor esforço, caí de volta ao normal ao já tão conhecido, deitando na praia e pensando nas mesmas “pequeninces” da vida que a tanto tempo penso sem agir.

Agora, já é o final do verão, de outro largo período de tempo que tinha separado como auto-didático nas lições da vida, e de momento de profundas mudanças e reflexões sobre a minha própria existência e caminhos de devaneio.

Mas não, mais uma vez, seja por falta de esforço próprio ou pela influência maior de fatores externos (que duvido) não me sinto outra. Nem maior nem melhor, nem mais sábia nos conhecimentos do mundo.

Aprofundei apenas minhas incertezas, e minhas certezas também, e me deixei terminar este falso verão da mesma maneira com que nele, embarquei. As incertezas aprofundei por relação com outros, quando me indagava sobre meu próprio caminho e vi quantos outros têm a força que os levará `a ação mesmo sem ter o caminho já traçado. Vejo que me iludo menos, e na minha incerteza não logro tão bem convencer os outros de minhas falsas virtudes, vaidades e exclamações. A certeza que cresceu, no entanto, foi outra. As pessoas antes que eu as conheça, não me conhecem, não me julgam como eu as julgo e não esperam de mim o que eu acho que me cobram.

Nada é certo no começo incerto, e tenho que aprender a começar do zero. Sem arrogâncias ou falsa modéstia, tenho que me dispor a conhecer tudo que eles me têm a ensinar, e fazer ao máximo e de verdade tudo que me disponho a exibir.

Carol Stern

quinta-feira, outubro 18, 2007

A arte de grafitar as ruas.

Diferente da década de 1970, o grafite, hoje em dia, é considerado obra de arte. Cada vez mais, aumenta a procura de galerias de arte por artistas que expressam suas ideologias nos centros urbanos. Da atividade marginal que atingiu o Rio de Janeiro na década de 1970, o grafite ganha espaços em galerias de arte e casas de artistas famosos.
Para os manos que não sacam nada de grafite, vale ressaltar que dentro desta arte existem subdivisões. De um lado, pode-se falar do ”Grafite Hip Hop” que possui como elementos principais letras e personagens caricatas presentes no movimento Hip-Hop. No outro lado, encontra-se o Grafite Acadêmico, que utiliza-se de stencil e é geralmente praticado por estudantes de Escolas de Arte.
Quando o grafite começou, era carregado de ideologia. Surgiu no pós-guerra como forma de protesto e ganhou força com o movimento estudantil na França, em maio de 1968. Não demorou a chegar ao Brasil. No final da década de 70 e início de 80, na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, o grafite já estava difundido. Os estudantes brasileiros protestavam contra o sistema capitalista através de pichações em muros da grande São Paulo.
O que se observou ao longo desses quase 40 anos foi que as atribuições aos pichadores e grafiteiros modificou-se. Quando o movimento começou, pichadores e grafiteiros eram considerados transgressores de leis. Hoje, são artistas.
No Rio de Janeiro, a arte de rua dos grafiteiros e pichadores ganha espaço em galerias e chama a atenção das pessoas que passam em ruas como a Avenida Jardim Botânico. Artistas cariocas, como Toz, que faz parte do grupo de grafite Fleshbeck Crew, grafita há oito anos. Formado no curso de Arte e Desing da UniverCidade, Toz diz que não se importa com opiniões de pessoas que criticam a exposição de suas obras em galerias como a Choque Cultural, em São Paulo. “A vibração das ruas leva às galerias. Pinto com conceito, retrato a minha vida e o meu redor”, disse Toz.
O artista soteropolitano diz que quando chegou ao Rio, na década de 80, o grafite era marginalizado, mas que atualmente essa arte ganhou outra conotação.
Toz já criou diversos personagens, mas o preferido de seu público é Nina, boneca com traços orientais e mistura de influências do universo feminino, principalmente de sua sobrinha. Seu nome origina-se da palavra “menina“. O artista caracteriza a personagem como uma boneca sonhadora.
Quem quiser conhecer o trabalho de Toz pode acessar o fotolog do Fleshbeck Crew ou percorrer as ruas do Jardim Botânico. O artista possui maior número de trabalhos na Zona Sul carioca: “O grafite tem a parada de você sempre ficar vendo sua arte depois de feita”.
escrito e fotografado por Germano Andrade Penalva

VÔO DO VAZIO

Estando cheio de tudo- de mim, do outro, do universo- precisei aprender a virar-me pelo avesso para encontrar o meu vazio. Comecei, assim, a tecer a paz.
Rita Quadros
Livro: Borboletas Lilases em Casulos Organizacionais

VÔO INÚTIL

Querer aparentar e pensar que consegue.
Insistir em formar vínculos apeasr da rejeição.
Agradar aos outros se desagradando.
Demonstrar o que não tem eco em si próprio.
Dar dinheiro quando se precisa de afeto.
Apontar no outro o que também está em si mesmo.
Jogar o medo embaixo do tapete.
Ser um vulcão de ira sem jamais entrar em erupção.
Preferir quebrar por inteiro para não ceder.
Fazer as pases quando a guerra interna continua.
Querer o lugar do outro quando ainda não definiu
o seu próprio espaço.
Rita Quadros
Livro:Borboletas Lilases em Casulos Organizacionais

C-I-D-A-D-E




O nascimento da polis se dá por volta dos séculos VIII e VII a.C. Ela surge, enquanto espaço físico-social, provocando grandes alterações na vida social e nas relações humanas. Surge na Grécia, e sua originalidade está na centralização da idéia de praça pública, espaço onde se debatem os problemas de interesse comum. A polis se faz pela autonomia da palavra, não mais a palavra mágica da autonomia dos mitos, palavra dada pelos deuses e, portanto, comum a todos, mas a palavra humana do conflito da discussão e da argumentação. Esse foi uma concepção de cidade que perdurou por muitos anos e ainda está presente, hoje em dia, quando se discute a esfera publica e do direito. Contudo, observa-se também que para esse conceito foram incorporados novos valores como o de cultura.
Pode-se corroborar com essa idéia, também, que tanto a palavra cidade como cultura e homem são conceitos que abarcam a possibilidade constante de mudança, porque eles fazem parte de um discurso reflexivo em que um modifica o outro.
Gostaria também de introduzir nesse discurso um dos significados da palavra cidade para o geógrafo Milton Santos ao escrever A Cidade nos Países Subdesenvolvidos:
"... a cidade é, antes de tudo, definida por suas funções e por um gênero de vida, ou, mais simplesmente, por certa paisagem, que reflete ao mesmo tempo essas funções, esse gênero de vida e os elementos menos visíveis, mas inseparáveis da noção de 'cidade': passado histórico ou forma de civilização, concepção e mentalidade dos habitantes."

O geógrafo nos mostra que as leis e regras presentes em cada cidade são premissas para o seu funcionamento. Cada corpo apesar de possuir um determinado número de organismos necessários à sobrevivência, funciona diferentemente. Cada cidade possui uma combinação de DNA.
O espetáculo O Corpo, o poema do concretista Augusto de Campos e a afirmação de Paul Auster trabalham sob os signos da urbanicidade. Apesar dos três tipos de linguagem artística serem diferentes e existirem combinações de signos díspares, ao serem interpretados e comparados possuem similitudes.
A cidade é um corpo e o corpo é uma cidade. A cidade e o corpo possuem doenças, cânceres, verrugas, sinais, distúrbios, esquizofrenias, anomalias, autonomias, dependências, independências, possuem órgãos, perdem órgãos e possuem etc, porque tanto no Corpo como na Cidade os processos combinatórios são infindáveis até cada sinal vermelho.
Uma primeira correlação que se pode fazer entre o espetáculo O Corpo e o poema de Augusto de Campos é que em O Corpo precisamos envolver as partes para formar o conteúdo do espetáculo. Faz necessário unir as partes para formar o corpo. Esse ponto é reforçado com a trilha de Arnaldo Antunes que inicialmente apresenta os elementos do corpo lentamente e ao decorrer do espetáculo há uma aceleração, como se as partes estivessem se auto-conhecendo e se juntando. Já em Cidade, o entendimento e o reconhecimento do conteúdo acontecem quando há o desmembramento do corpo e em um processo concomitante a união junto aos sufixos cidade/cité/city. Podemos dizer que há um processo dialético entre a legibilidade e a ilegibilidade, assim como nas cidades, em que as pessoas só ganham representação quando estão inseridas.
A escolha da trilha sonora elaborada por Arnaldo Antunes agrega valor ao espetáculo. Esses valores estão arraigados no personagem extremamente urbano desempenhado pelo artista. Em muitas críticas sobre seu trabalho o intitulam com um poeta/performer. Através de sons agudos e de um ciclo vicioso repetem-se as palavras “mão”, “pé”, “mão”, “pé”. No cenário aparecem sinais vermelhos que lembram os sinais vermelhos dos semáforos que ascendem, apagam e se alternam com o amarelo e com o verde. Pare. Atenção. Sigo.
Assim como o espetáculo de dança que é construído e pode ser interpretado a cada momento que os bailarinos se movem ou fazem um gesto diferente, o poema também pode ser interpretado de diferentes formas. Ao falarmos da poesia concreta, devemos levar em consideração que não só as palavras e sua disposição devemos procurar entendê-las, mas também os espaços em branco. Para correlacionar a disposição do poema com a disposição de O Corpo, pode-se trazer ao discurso a idéia de Haroldo de Campos. Segundo ele, nas poesias encontram-se três dimensões de abordagem diferentes: “uma dimensão gráfico-espacial, uma dimensão acústico-oral e uma dimensão conteudística, que se estimulam mutuamente e remetem uma a outra sem cessar, fazendo do poema uma estrutura dinâmica.” Assim funciona o espetáculo O Corpo que ao agregar o valor da trilha de Antunes, nos mostra um processo orgânico e natural das cidades e do sistema dialético “homemcidade”. Tanto o vazio dos espaços do palco quanto o vazio de partes do papel nos falam alguma coisa. As cidades também são assim. O caos urbano em muitos estágios sociais foi representado pelo vazio por causa de catástrofes naturais ou causadas pelo próprio homem como ao lançar a bomba atômica.
A coreografia representa a cidade ao compará-la à estrutura de um corpo humano e ao representar o homem como elemento da cidade. O espetáculo leva a tona também a questão da mecanização e da dependência dos homens pela tecnologia e pelas máquinas. Cada vez fica mais difícil de distinguir se as inovações tecnológicas estão escravizando os homens ou os tornando mais ágeis. Os dançarinos passam essa idéia através de movimentos lentos e sincronizados que parecem marionetes robotizadas.
O nosso corpo, assim como a cidade, é movido por incertezas e uma voracidade. Corre nas nossas veias sangues assim como correm carros nas ruas. Há momentos de nossas vidas que os carros param por falta de combustível e nesses momentos podemos reabastecê-los e há momentos que os carros param.
O ritmo do poema pode ser lido como o ritmo das cidades. Ora desenfreáveis, ora incompreensíveis e ora compreensíveis, mas velozes. De certa forma as cidades existem uma organização assim como no poema, por isso que conseguimos ler suas partes. Dificilmente conseguimos lê-las por completo. Os prefixos são encadeados em ordem alfabética, o que mostra que com um olhar mais apurado, que as cidades exitem certa ordem e que pode-se procurar entender as partes. Trata-se de um poema universal, no sentido de que não fala de uma sociedade brasileira, nem francesa, nem americana simplesmente, mas da complexidade de qualquer cidade. Atrocidade, caducidade, capacidade... voracidade são características de todas cidades. Essa ultima palavra retrata bem como é paradoxal viver nas cidades, ao mesmo tempo em que as construímos, somos engolidos por elas.
Podemos utilizar a palavra fragmentos para as três exposições: O Corpo, Cidade e a afirmação de Paul Auster. Os fragmentos da coreografia, inicialmente, não permitem a compreensão do todo. No poema concreto é necessário fazer uma desconstrução do todo, mesmo sem compreendê-lo, para arquitetar possíveis combinações entre as partes. Assim é também a afirmação de Paul Auster, que mostra a multiplicidade de sentimentos que há numa cidade, que são intraduzíveis diante a complexidade da metrópole. Fica no ar um sentimento de incapacidade e pequenez diante do todo.
Nas cidades somos uma peça de um quebra cabeça, e vemos outras peças que podem se aglutinar, mas não temos a real dimensão do quebra-cabeça completo.
Germano Penalva

quarta-feira, outubro 17, 2007


Hugo Canuto
SSA-BA
"Eu andarei vestido e armado com as armas de São Jorge para que meus inimigos, tendo pés não me alcancem, tendo mãos não me peguem, tendo olhos não me vejam, e nem em pensamentos eles possam me fazer mal. "

terça-feira, outubro 16, 2007

MANOPENALVA

MANO PENALVA

terça-feira, setembro 11, 2007

A crônica de Marina Colassanti “Eu sei, mas não devia...” sob a perspectiva da doutrina filosófica-literária de Albert Camus.

A crônica de Marina Colassanti “... Eu sei, mas não devia...” revela o quanto o homem pode se aprisionar, alienar-se a costumes e hábitos, a falsos poderes, ou melhor, a um contexto de vida que muitas vezes o leva à perda de sua identidade. Falta nesse homem tomar consciência e praticar o seu poder de romper, de retirada, característica natural e intrínseca a todo ser humano - Reconhecer e experenciar a dimensão da sua felicidade e de sua liberdade.
Essa crônica faz refletir sobre as possíveis perdas de nós seres humanos nas nossas buscas do conhecimento do mundo. Muitas vezes nessas buscas nos perdemos como um todo. Pois, quanto mais conhecemos e desejamos as coisas, mais elas se apoderam de nós.
A crônica também nos remete a uma reflexão da doutrina filosófica e pensamento de Camus, quando retrata o homem absurdo e revoltado nos fazendo pensar em muitos aspectos, principalmente com relação à liberdade.
Pergunta Camus: o que é um homem revoltado? E ele mesmo responde: “ Um homem que diz não. Mas, se ele recusa, não renuncia: é também um homem que diz sim, desde o seu primeiro movimento. Um escravo que recebeu ordens durante toda a sua vida, julga subitamente inaceitável um novo comando...”
Esse “não” dito também é um “sim”, pois ele define a existência de uma fronteira, de um limite, demarcando, portanto, o ponto de ruptura, para o novo.
A revolta para Camus é o protesto, a obstinação, a recusa, o confronto. Face ao absurdo uma das posições filosóficas coerentes é a revolta. “Ela é o confronto perpétuo do homem e da sua própria absurdidade. É a exigência de uma impossível transparência. Equaciona o problema do mundo (...) é a presença constante do homem em si próprio. Não é a aspiração, pois é sem esperança. Esta revolta não passa da certeza de um destino esmagador, mas sem a resignação que deveria acompanhá-la”.
A revolta exige uma lucidez sem tréguas: manter a clarividência e o conhecimento dos muros que cercam o homem: a tenacidade e a clarividência são espectadores privilegiados nesse jogo desumano em que o absurdo, a esperança e a morte travam o seu diálogo. É necessária uma constante ascese para que seja possível ao homem manter-se no absurdo uma vez reconhecido este. A revolta não altera a natureza do absurdo, confere-lhe sim, uma maior agudeza pela intrínseca gratuitidade que proclama. No domínio da total inocência que é a sua, o herói absurdo reivindica a responsabilidade de manter uma lucidez sem tréguas.
Para haver revolta é preciso que não haja esperança. A esperança impede a revolta. “A graça divina é estar aguardando algo de alguém”.
Contrário à condição do homem alienado tão bem caracterizado na crônica da escritora conforme mostra o fragmento abaixo:
“A gente se acostuma para não ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas e sangramentos, a esquivar-se da faca e baioneta, para poupar a vida que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto se acostumar, se perde a si mesma”
Camus mostra em alguns fragmentos de sua obra sua força de lutar e retirar das situações negativas da vida lições e razões para modificá- la. Reconstruir do nada, dos escombros, uma nova vida.
“Embora eu tenha nascido pobre, nasci sob um céu feliz, num ambiente natural onde alguém se sente em união, desalienado”.
“Mas só há um mundo. A felicidade e o absurdo são dois filhos da mesma terra. São inseparáveis. O erro seria dizer que a felicidade nasce forçosamente da descoberta absurda. Acontece também que o sentimento do absurdo nasça da felicidade”.
Com relação ao homem absurdo Camus define como sendo aquele que não acredita no sentido profundo das coisas. O homem absurdo é aquele que não se separa do tempo. O tempo caminha com ele.
O absurdo para ele era um “abismo sem fim, colocado diante do ser humano" é o ponto de partida. Para se entender a intensidade do absurdo seria preciso pular neste, para desta maneira explorar sua existência.
Na sua obra o “Mito do Sísifo” ele afirma que “Viver é fazer que o absurdo exista”. Dessa forma, portanto, podemos extrair dessa afirmação que o absurdo é o “estado de graça” do homem para o seu viver. E aí não poderia deixar de evocar o sábio poeta Manoel de Barros quando define seu modo de vida. “Eu falo e escrevo absurdez... Me sinto emancipado”.
Ainda refletindo o pensamento de Camus em relação à crônica de Marina Colassanti.
“A gente se acostuma às coisas demais para não sofrer. Em doses pequenas , tentando não perceber , vai afastando uma dor aqui, um ressentimento alí uma revolta acolá ....”
“... a ser ignorado quando precisa ser visto...”
“ A deitar cedo e domir pesado o dia não vivido.”
Esses fragmentos fazem refletir sobre o cotidiano do homem e o suicido em Camus. Para ele o suicido era o único problema filosófico sério. Julgar se a vida vale ou não a pena ser vivida é responder à pergunta fundamental da filosofia (...) ( O Mito do Sísifo).
Sobre o suicídio ele ainda dizia: Um gesto como este se prepara no silencio do coração, da mesma forma que uma grande obra.
Quanto ao cotidiano, ele defendia “O cotidiano do homem é um trabalho operário que constrói para o Nada, para o Absurdo.
A liberdade para Camus não é a liberdade de um sujeito que escolhe, mas uma liberdade que nasce da contemplação do absurdo, da infinita distância entre mundo e homem. Segundo ele, a liberdade não se exerce em função de uma vida eterna, mas permanece como campo de exercício na vida presente, no tempo presente. O homem gozará então, a disponibilidade do condenado à morte: esse incrível desinteresse perante tudo, salvo a chama pura da vida, a morte e o absurdo são aqui, bem o sentimos, os princípios da única liberdade razoável: a que um coração humano pode sentir e viver.
Camus que era um homem revoltado e não se sentia bem com a situação absurda dos acontecimentos da vida. Para ele o homem revoltado era aquele que descobriu a maneira frágil e perecível com a qual sua vida se depara. Por essa razão ele era um forte opositor à degradação do ser humano.


por Paulo Penalva

sábado, setembro 01, 2007

Parque Lage, parque de arte.


Hoje, patrimônio da União, o Parque Lage, situado no Rio de Janeiro, teve como seu primeiro proprietário Rodrigo de Freitas Melo, que vendeu a Antônio Martins Lage, em 1859, que o deixou por herança a seu filho, o armador Henrique Lage. A área foi desapropriada pelo Estado em 1976.

Projetado inicialmente pelo paisagista inglês John Tyndale em 1840, o paisagista seguiu a tendência dos jardins europeus românticos. Nas décadas de 1920, 1930 e 1940 passarasm por uma reestruturação e nesse mesmo período foi edificado a residência do industrial Henrique Lage, onde hoje fica a EVA e o Café du Lage.

Entre os atrativos do parque, os visitantes podem desfrutar de uma gruta, um aquário com peixes de água doce, chafarizes, trilhas ecológicas, parques infantis e lagos. Próximo à mansão, tem-se acesso a um mirante com 50 metros de altura, de onde se pode ver a vasta vegetação do parque e palmeiras imperiais plantadas pelo primeiro proprietário. O parque conta com cerca de 60 vagas para garros e há um bicicletário logo na entrada.

Em 2002 o parque foi recuperado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, através da Fundação Parques e Jardins. Os jardins foram reconstituídos e foram tirados toneladas de lixo acumulados durante muitos anos.
No jardim, em frente, a mansão foi instalada um escultura em homenagem a Tom Jobim e seu filho João Francisco. A escultura é um artista, pondo numa tela o momento em que Tom e seu filho plantaram uma palmeira no parque.

O parque abriga a Escola de Artes Visuais, que teve seu início-se como Instituto de Belas Artes do Rio de janeiro, sendo transferido para o parque em 66, com a regulamentação do Governador Negrão de Lima. Em 1975 o IBA passa a se chamar Escola de Artes Visuais. A escola oferece cursos para crianças, adolescentes e adultos. São cursos para quem tem pouca ou nenhuma formação artística até para quem já possui um trabalho consolidado.
Germano Penalva

terça-feira, agosto 28, 2007

O Último Rei da Escócia


Quando aluguei "O Último Rei da Escócia" pensei logo: mais um filme de África. Pesado. Crianças subnutridas. Prostituas aidéticas. Preconceito! Preconceito e mais PRECONCEITO. Pois é... estava muito enganada. O filme me surpreendeu. Não só pela bela atuação que rendeu ao Forest Whitaker o Oscar de melhor ator. Foi o ritmo da narrativa que me encantou. Um protagonista europeu que vai para a Uganda e passa mais tempo jogando bola, transando com as nativas do que trazendo a salvação. E olha que ele é médico... E o vilão? Não tem nada mais carismático que o ditador Idi Amin com seu jeito de criança. E nem nada mais medonho... (citando o filme). Tiro meu chapéu ao diretor Kevin Mcdonald e aos roteiristas Jeremy Brock e Peter Morgan: uma história muito bem narrada que nos envolve do começo ao fim. O melhor é saber que tudo aconteceu...


Carolina Garcia

Mundo da arte

As pessoas encontram-se orientadas para algum tipo de mundo social, independente de qual for o centro de interesse em torno do qual se organiza ou a rotina convencional de suas atividades coletivas.
A frase de Howard Becker: “o mundo da arte espelha a sociedade mais ampla na qual está inserida” conota-se dentro de uma compreensão mais geral e uma mais particular. A geral seria que os modelos artísticos estão inseridos e são reproduções dos modelos sociais. O mundo da arte dialoga com um mundo mais amplo através de um processo que é responsável por produzir uma unidade: cultura.
Partindo para considerações mais particulares, pode-se acrescentar sobre a frase do Becker a partir dos modelos de profissionais.
Os “artistas inconformistas” mantêm de alguma maneira relações com o mundo artístico convencional. Procura orientar-se nas mudanças de algumas das convenções, mas termina aceitando outras. Um personagem da sociedade artista que representa os inconformistas são os vanguardistas, que procuram quebrar o novo, montar uma nova tradição. Contudo, essa nova tradição estará carregada de elementos de mementos anteriores. Por mais transgressor que uma pessoa possa ser é impossível haver o rompimento de todas as convenções.
Os “artistas ingênuos”, também, encontram-se na relação com o mundo artístico convencional. Os artistas NAIF representam esse grupo, já que possuem um estilo E, ao falarmos disso, percebe-se que não é o caráter do trabalho em si, mas sim pelo fato de ter sido realizado sem referência às imposições das convenções de seu tempo. A questão é como aquele trabalho produzido por artistas “ingênuos” vai ser interpretado e como vai dialogar com o mundo. Ela faz parte de um grupo que acaba influenciando e sendo influenciado por ativos sociais.
A “Arte popular” não objetiva seguir um padrão estabelecido, faz-se necessário apenas ter o mínimo de qualidade. Por isso pode-se dizer que isso é uma necessidade pertencente ao mundo social na qual está inserido.
Os “integrados” fazem parte de mais um grupo que de alguma forma está de acordo com o todo social. São representados por pintores de ruas até grandes artistas. Esses sim mantêm uma mesma linha de raciocínio com o sistema vigente, na medida se tornam produtores de rotina.
Todos esses tipos de profissional-artista\artistas fazem parte de um mundo que dita regras e seguem regras ditadas. Elas são inerentes aos grupos sociais pelos quais as pessoas buscam se espelhar ou refutar. Esse processo de afirmação ou refutação permite através de um processo reflexivo não a formação de um novo mundo, mas sim sua transformação.

Nosso espaço!

Tire da gaveta aquele texto que você escreveu há dois anos, aquela música que você fez, aquele poema feito para participar de um concurso e, na última hora, você desistiu. Opine sobre a política, sobre o "pé sujo" perto da sua casa, sobre um restaurante onde comeu e gostou. Fale , também, da sua viagem que você fez ou tem planos para fazer.Opine, discuta, sugira, comente, poste, concorde e discorde. Aqui vale tudo, só não pode ficar parado enquanto milhares de pessoas estão na rede.Você está na estação. Ebarque nessa viagem.